A tradução do comentário de Calvino sobre o Livro dos Salmos é certamente de muito proveito espiritual e de grande valor devocional. Em primeiro lugar, por se tratar de um comentário de um dos livros da Bíblia, talvez o mais lido, sobretudo em momentos devocionais. Em segundo lugar, por ser comentário de um teólogo da envergadura de João Calvino, porquanto esse nosso reformador é considerado por Jean Cardier,Deão honorário da Faculdade de Teologia de Montpellier e presidente da sociedade Calvinista da França, o novo Copérnico do universo religioso. Confiando no que se acha exposto acerca da tradução inglesa, quanto ao cuidado que teve o tradutor, no sentido de confrontar sua tradução com a versão francesa, cremos que o mesmo princípio de fidelidade ao pensamento interpretativo de Calvino é o que caracteriza também o trabalho de tradução do Inglês para o Português, realizado pelo Rev. Valter Graciano Martins. Com mais este comentário, agora traduzido para o Português, o Rev. Valter está possibilitando aos crentes em geral, principalmente aos herdeiros da reforma, um conhecimento mais amplo e profundo de uma teologia de raiz autenticamente bíblica. Queira o próprio Deus utilizar-se deste trabalho para edificação de seu povo. - Ademar de Oliveira Godoy.
O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.
Somos seu povo e ovelhas de seu pasto, O profeta está falando daquela graça inusitada que levou Deus a separar seus filhos como sua herança, a fim de que pudesse, por assim dizer, alimentá-los debaixo de suas asas, o que é um privilégio muito mais excelente do que ser meramente nascidos como seres humanos. Qualquer pessoa estaria, porventura, disposta a vangloriar-se de ter sido transformada em um novo ser, sem sentir aversão ante a vil tentativa de roubar a Deus daquilo que lhe pertence? Todavia, a maioria dos homens não hesita reivindicar para si todo o louvor da vida espiritual. O que mais querem declarar os arautos do livre-arbítrio, senão dizer-nos que, por nosso próprio empenho, nós mesmos, filhos de Adão, nos tornamos filhos de Deus? Em oposição a isso o profeta, ao chamar-nos povo de Deus, nos informa que provém de sua própria boa vontade o fato de sermos espiritualmente regenerados. E ao denominar-nos ovelhas de seu pasto, ele nos dá a conhecer que, através da mesma graça que uma vez nos foi comunicada, continuamos a salvos e intocáveis até o fim. - João Calvino - Salmo 100.3.